"Os caminhos de Deus são perfeitos; a palavra do Senhor é pura. Ele é o escudo de todos os que nele se refugiam". -( Salmos, 17: 31 )-
Amados irmãos, bom dia!
Vamos refletir hoje sobre um tema muito delicado, um tanto
longo, mas, de fundamental importância na compreensão das leis de reprodução.
Que os bons Espíritos nos auxiliem na compreensão e prática
desses ensinamentos.
Obstáculos à reprodução
"Vimos, em estudos
anteriores, que não há improvisação nos procedimentos que antecedem as
experiências reencarnatórias. Existe, na verdade, uma planificação fundamentada
na lógica e na moralidade, tendo em vista o progresso espiritual da criatura
humana. Dessa forma, estarão previstos no planejamento reencarnatório não
somente o tipo e o número de Espíritos reencarnantes, mas também as
características de cada renascimento. Trata-se, obviamente, de uma planificação
flexível, adaptável à realidade da vida no plano físico e de acordo com as
provações programadas para o Espírito, uma vez que os Orientadores Espirituais
compreendem que uma série de interferências pode ocorrer, independentemente da
vontade do reencarnante.
Entretanto, sabemos que um compromisso dessa envergadura é
concretizado cedo ou tarde. Se um Espírito, por exemplo, não pode renascer como
filho de um casal, por força das circunstâncias, retornará como neto, sobrinho,
filho adotivo ou sob outra forma que a Providência Divina determinar. O
importante é que os planos definidos no planejamento reencarnatório sejam
atendidos.
A rigor, não deveria haver um controle da natalidade,
consoante o entendimento espírita que temos sobre o planejamento reencarnatório.
Entretanto, Joanna de Ângelis nos elucida: Alegações
ponderosas que merecem consideração vêm sendo arroladas para justificar-se a
planificação familiar através do uso dos anticonceptivos de variados tipos.
São argumentos de caráter sociológico, ecológico, econômico, demográfico,
considerando-se com maior vigor os fatores decorrentes das possibilidades de
alimentação numa Terra tida como semi-exaurida de recursos para nutrir aqueles
que se multiplicam geometricamente com espantosa celeridade... [...] Sem
dúvida, estamos diante de um problema de alta magnitude, que deve ser, todavia,
estudado à luz do Evangelho e não por meio dos complexos cálculos frios da
precipitação materialista. O homem pode e deve programar a família que deseja e
lhe convém ter: número de filhos, período propício para a maternidade; nunca,
porém, se eximirá aos imperiosos resgates a que faz jus, tendo em vista o seu
próprio passado. Em O Livro dos Espíritos, questão 693, há a seguinte indagação
de Allan Kardec: São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos
que têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução? Os Espíritos
Superiores, respondendo à pergunta do Codificador, afirmam: Tudo o que embaraça
a Natureza em sua marcha é contrário à lei geral.
Essa afirmativa merece maior reflexão, a fim de que possamos
apreender o seu verdadeiro significado. Por meio de um simples exercício
mental, poderíamos reescrever dessa forma o texto: “São contrários à lei da Natureza as leis e os costumes humanos que,
efetivamente, têm por fim ou por efeito criar obstáculos à reprodução porque,
sendo contrários à lei geral, embaraçam a Natureza em sua marcha”. Em
outras palavras, podemos também dizer que, desde que os obstáculos à reprodução
não firam a moral nem a ética, podem ser utilizados como, por exemplo, nos
casos de gestação que põem em risco a vida da gestante. Sabemos, entretanto,
que estas são situações específicas, solicitando uma análise mais apurada,
envolvendo a opinião dos cônjuges e dos profissionais da Medicina e da
Psicologia. Dessa forma, retornando ao questionamento inicial, desenvolvido por
Kardec, constata-se a lucidez e a objetividade dos Espíritos Orientadores, os
quais, ao mesmo tempo em que nos esclarecem a respeito de um assunto tão
complexo, não deixam de considerar as implicações das leis de causa e efeito,
de liberdade e de progresso, importantes na elaboração do planejamento
reencarnatório.
Assim é que, atentos às dificuldades e obstáculos que a
criatura humana enfrenta no dia-a-dia da existência planetária, os Espíritos
Orientadores nos ensinam, de forma ponderada, que Deus concedeu ao homem, sobre
todos os seres vivos, um poder de que ele deve usar, sem abusar. Pode, pois,
regular a reprodução, de acordo com as necessidades. Não deve opor-se-lhe sem necessidade.
A ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o
equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos
animais, porque ele obra com conhecimento de causa.
Sendo assim, no [...] que tange ao controle da natalidade
humana, objeto, hoje, de complexas pesquisas nos campos da Biologia, da
Genética, da Farmacologia, da Sociologia etc, e de acalorados debates entre teólogos
e moralistas de várias tendências, a Doutrina Espírita nos autoriza a afirmar
que, em havendo razões realmente justas para isso, pode o homem limitar sua
prole, evitando a concepção. Dessa forma, o controle da natalidade passa a ser
legítimo quando há justificativas de ordem superior que impeçam ou dificultem o
renascimento de Espíritos. No entanto, criar obstáculos à reprodução em
atendimento aos anseios da sensualidade e da luxúria [...] prova a
predominância do corpo sobre a alma e quanto o homem é material.
Analisando, especificamente, os efeitos da pílula
anticoncepcional no controle da natalidade, Jorge Andréa nos esclarece: No caso
da utilização das pílulas anticonceptivas (anuvolatório oral), no seio das
quais se encontram combinados estrógenos e progestágeno, haverá inibição dos
hormônios gonadrotróficos (FSH* e LH**) secretados pela hipófise. Consequentemente,
não existirá, também, estimulação para a maturação dos folículos ovarianos com
a respectiva ovulação [...]. Pelo exposto, podemos avaliar o processo agressivo
nas estruturas gonádicas, no organismo feminino, que as pílulas
anticoncepcionais podem determinar. [...] Se as pílulas atuassem,
exclusivamente, nas regiões materiais, estaríamos, de modo irrestrito, ligados
aos conceitos defendidos pela ciência, quanto ao seu uso; entretanto, a
existência dos campos perispirituais, praticamente a zona de acoplamento com a
matéria, possibilita novos pensamentos indispensáveis à própria biologia que,
por enquanto, não possui condições de mais precisa abordagem.
A utilização de anovulatórios tem indicação da regularização
do ciclo menstrual, podendo ser estendida a um equacionamento de planejamento
familiar, dentro de certas medidas, nas quais possamos avaliar não só as
influências nas estruturas funcionais do corpo físico, como também, e
principalmente, na posição ética e moral pelos seus efeitos nos campos
espirituais. Conhecer essas posições, na avaliação de utilização adequada de
anticoncepcionais, é permitir-se um conhecimento mais profundo das leis morais
e da própria vida que uma universalidade de posição pode propiciar. Por tudo
isso, o controle da natalidade só poderá ter sentido quando avaliado de muitos
ângulos, onde as diversas estruturas individuais, físicas e psíquicas, possam
ser devidamente apreciadas e bem equacionadas. Mas, o que se está presenciando
é a degradação de costumes ampliando e destroçando a organização genética, com
imensos reflexos nos futuros desajustes familiares, onde os mecanismos da
reencarnação respondem com severas reações.
A título de ilustração, inserimos, em seguida, pequeno trecho
de um diálogo ocorrido entre o Assistente Silas e o Espírito Hilário, relatado
por André Luiz no livro Ação e Reação: — Já que nos detemos, em matéria de
sexologia, na lei de causa e efeito, como interpretar a atitude dos casais que
evitam os filhos, dos casais dignos e respeitáveis, sob todos os pontos de
vista, que sistematizam o uso dos anticoncepcionais? Silas sorriu de modo
estranho e falou: — Se não descambam para a delinquência do aborto, na maioria
das vezes são trabalhadores desprevenidos que preferem poupar o suor, na fome
de reconforto imediatista. Infelizmente para eles, porém, apenas adiam
realizações sublimes, às quais deverão fatalmente voltar, porque há tarefas e
lutas em família que representam o preço inevitável de nossa regeneração.
Desfrutam a existência, procurando inutilmente enganar a si mesmos, no entanto,
o tempo espera-os, inexorável, dando-lhes a conhecer que a redenção nos pede
esforço máximo. Recusando acolhimento a novos filhinhos, quase sempre
programados para eles antes da reencarnação, emaranham-se nas futilidades e
preconceitos das experiências de subnível, para acordarem, depois do túmulo,
sentindo frio o coração”... -( FEB )-
* FSH / HFE: Abreviatura de hormônio-folículo-estimulante
(follicle-stimulanting-hormone) ovariano. ** LH / HL: Abreviatura de hormônio
luteinizante (lutein hormone) ovariano
Que a graça e a paz sejam conosco!
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