"Junto de vós Senhor, me refugio; não seja eu confundido para sempre; por vossa justiça, livrai-me"! -( Samos, 30 : 2 )-
Amados irmãos, bom dia!
Hoje concluímos mais uma etapa de nossos estudos e na expectativa que possamos viver essas verdades, pedimos ao nosso Mestre Jesus e aos Espíritos amigos que nos protejam e amparem em nossa caminhada. Uma certeza temos: que as promessas do Senhor sempre se cumprirão, portanto, caminhemos!
Penas e gozos futuros
“Os ensinamentos espíritas sobre as penas e gozos futuros
fazem oposição ao materialismo. Cada um é, certamente, livre de crer no que
quiser ou de não crer em coisa alguma; e não toleraríamos mais uma perseguição
contra aquele que acredita no nada depois da morte, assim como na promovida
contra um cismático de qualquer religião. Combatendo o materialismo, não
atacamos os indivíduos, mas sim uma doutrina que, se é inofensiva para a
sociedade, quando se encerra no foro íntimo da consciência de pessoas esclarecidas,
é uma chaga social, se vier a se generalizar-se. A crença de tudo acabar para o
homem depois da morte, que toda solidariedade cessa com a extinção da vida
corporal, leva-o a considerar como um disparate o sacrifício do seu bem-estar
presente, em proveito de outrem; donde a máxima: “Cada um por si durante a vida
terrena, porque com ela tudo se acaba.”
A caridade, a fraternidade, a moral, em suma, ficam sem base
alguma, sem nenhuma razão de ser. Para que nos molestarmos, nos constrangermos
e nos sujeitarmos a privações hoje, quando amanhã, talvez, já nada sejamos? A
negação do futuro, a simples dúvida sobre outra vida, são os maiores
estimulantes do egoísmo, origem da maioria dos males da Humanidade. É
necessário possuir alta dose de virtude para não seguir a corrente do vício e
do crime, quando para isso não se tem outro freio além do da própria força de
vontade. [...] A crença na vida futura, mostrando a perpetuidade das relações
entre os homens, estabelece entre eles uma solidariedade que não se quebra na
tumba; desse modo, essa crença muda o curso das idéias. Se essa crença fosse um
simples espantalho, não duraria senão um tempo curto; mas, como a sua realidade
é fato adquirido pela experiência, é um dever propagá-la e combater a crença
contrária, mesmo no interesse da ordem social. É o que faz o Espiritismo; e o
faz com êxito, porque fornece provas, e porque, decididamente, o homem antes
quer ter a certeza de viver e poder ser feliz em um mundo melhor, para
compensação das misérias deste mundo, do que a de morrer para sempre.
Complementando essas idéias, Allan Kardec nos esclarece:
Tirai ao homem o Espírito livre e independente, sobrevivente à matéria, e
fareis dele uma simples máquina organizada, sem finalidade, nem
responsabilidade; sem outro freio além da lei civil e própria a ser explorada
como um animal inteligente. Nada esperando depois da morte, nada obsta a que
aumente os gozos do presente; se sofre, só tem a perspectiva do desespero e o
nada como refúgio. Com a certeza do futuro, com a de encontrar de novo aqueles
a quem amou e com o temor de tornar a ver aqueles a quem ofendeu, todas as suas
idéias mudam. O Espiritismo, ainda que só fizesse forrar o homem à dúvida
relativamente à vida futura, teria feito mais pelo seu aperfeiçoamento moral do
que todas as leis disciplinares, que o detêm algumas vezes, mas que o não
transformam.
A Doutrina Espírita, no que respeita às penas futuras, não se
baseia numa teoria preconcebida; não é um sistema substituindo outro sistema:
em tudo ela se apoia nas observações, e são estas que lhe dão plena autoridade.
Ninguém jamais imaginou que as almas, depois da morte, se encontrariam em tais
ou quais condições; são elas, essas mesmas almas, partidas da Terra, que nos
vêm hoje iniciar nos mistérios da vida futura, descrever-nos sua situação feliz
ou desgraçada, as impressões, a transformação pela morte do corpo, completando,
em uma palavra, os ensinamentos do Cristo sobre este ponto. Preciso é afirmar
que se não trata neste caso das revelações de um só Espírito, o qual poderia
ver as coisas do seu ponto de vista, sob um só aspecto, ainda dominado por
terrenos prejuízos. Tampouco se trata de uma revelação feita exclusivamente a
um indivíduo que pudesse deixar-se levar pelas aparências, ou de uma visão
extática suscetível de ilusões, e não passando muitas vezes de reflexo de uma
imaginação exaltada. Trata-se, sim, de inúmeros exemplos fornecidos por
Espíritos de todas as categorias, desde os mais elevados aos mais inferiores da
escala, por intermédio de outros tantos auxiliares (médiuns) disseminados pelo
mundo, de sorte que a revelação deixa de ser privilégio de alguém, pois todos
podem prová-la, observando-a, sem obrigar-se à crença pela crença de outrem.
Com o Espiritismo, a vida futura deixa de ser simples artigo
de fé, mera hipótese; torna-se uma realidade material, que os fatos demonstram,
porquanto são testemunhas oculares os que a descrevem nas suas fases todas e em
todas as suas peripécias, e de tal sorte que, além de impossibilitarem qualquer
dúvida a esse propósito, facultam à mais vulgar inteligência a possibilidade de
imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto, como toda gente imagina um país cuja
pormenorizada descrição leia. Ora, a descrição da vida futura é tão
circunstanciadamente feita, são tão racionais as condições, ditosas ou
infortunadas, da existência dos que lá se encontram, quais eles próprios
pintam, que cada um, aqui, a seu mau grado, reconhece e declara a si mesmo que
não pode ser de outra forma, porquanto, assim sendo, patente fica a verdadeira justiça
de Deus. É importante também considerar que todos nós trazemos, desde o
nascimento, o sentimento instintivo da vida futura, porque, [...]antes de
encarnar, o Espírito conhecia todas essas coisas e a alma conserva vaga
lembrança do que sabe e do que viu no estado espiritual. Independentemente do
materialismo reinante no mundo, em [...] todos os tempos, o homem se preocupou
com o seu futuro para lá do túmulo e isso é muito natural. Qualquer que seja a
importância que ligue à vida presente, não pode ele furtar-se a considerar
quanto essa vida é curta e, sobretudo, precária, pois que a cada instante está
sujeita a interromper-se, nenhuma certeza lhe sendo permitida acerca do dia
seguinte. Que será dele, após o instante fatal? Questão grave esta, porquanto
não se trata de alguns anos apenas, mas da eternidade. Aquele que tem de passar
longo tempo, em país estrangeiro, se preocupa com a situação em que lá se
achará. Como, então, não nos havia de preocupar a em que nos veremos, deixando
este mundo, uma vez que é para sempre? A idéia do nada tem qualquer coisa que
repugna à razão. O homem que mais despreocupado seja durante a vida, em
chegando o momento supremo, pergunta a si mesmo o que vai ser dele e, sem o
querer, espera. Crer em Deus, sem admitir a vida futura, fora um contra-senso.
O sentimento de uma existência melhor reside no foro íntimo de todos os homens
e não é possível que Deus aí o tenha colocado em vão. A vida futura implica a
conservação da nossa individualidade, após a morte. Com efeito, que nos
importaria sobreviver ao corpo, se a nossa essência moral houvesse de perder-se
no oceano do infinito? As consequências, para nós, seriam as mesmas que se tivéssemos
de nos sumir no nada.
O intercâmbio mediúnico representa outra forma de comprovação
da sorte das pessoas, após a morte do corpo físico. Pelas relações que hoje
pode estabelecer com aqueles que deixaram a Terra, possui o homem não só a
prova material da existência e da individualidade da alma, como também
compreende a solidariedade que liga os vivos aos mortos deste mundo e os deste
mundo aos dos outros planetas. Conhece a situação deles no mundo dos Espíritos,
acompanha-os em suas migrações, aprecia-lhes as alegrias e as penas; sabe a
razão por que são felizes ou infelizes e a sorte que lhes está reservada,
conforme o bem ou o mal que fizerem. Essas relações iniciam o homem na vida
futura, que ele pode observar em todas as suas fases, em todas as suas
peripécias; o futuro já não é uma vaga esperança: é um fato positivo, uma
certeza matemática. Desde então, a morte nada mais tem de aterrador, por lhe
ser a libertação, a porta da verdadeira vida. Se a razão repele, como
incompatível com a bondade de Deus, a idéia das penas irremissíveis, perpétuas
e absolutas, muitas vezes infligidas por uma única falta; a dos suplícios do
inferno, que não podem ser minorados nem sequer pelo arrependimento mais
ardente e mais sincero, a mesma razão se inclina diante dessa justiça
distributiva e imparcial, que leva tudo em conta, que nunca fecha a porta ao
arrependimento e estende constantemente a mão ao náufrago, em vez de o empurrar
para o abismo. As penas e recompensas estão, necessariamente, relacionadas ao
uso do livre-arbítrio, uma vez que a [...] responsabilidade dos nossos atos é a
consequência da realidade da vida futura. Dizem-nos a razão e a justiça que, na
partilha da felicidade a que todos aspiram, não podem estar confundidos os bons
e os maus. Não é possível que Deus queira que uns gozem, sem trabalho, de bens
que outros só alcançam com esforço e perseverança. A idéia que, mediante a
sabedoria de suas leis, Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade não nos
permite acreditar que o justo e o mau estejam na mesma categoria a seus olhos,
nem duvidar de que recebam, algum dia, um a recompensa, o castigo o outro, pelo
bem ou pelo mal que tenham feito. Por isso é que o sentimento inato que temos
da justiça nos dá a intuição das penas e recompensas futuras.
Pelo estudo da situação dos Espíritos, o homem sabe que a
felicidade e a desdita, na vida espiritual, são inerentes ao grau de perfeição
e de imperfeição; que cada qual sofre as consequências diretas e naturais de
suas faltas, ou, por outra, que é punido no que pecou; que essas consequências
duram tanto quanto a causa que as produziu; que, por conseguinte, o culpado
sofreria eternamente, se persistisse no mal, mas que o sofrimento cessa com o
arrependimento e a reparação; ora, como depende de cada um o seu
aperfeiçoamento, todos podem, em virtude do livre-arbítrio, prolongar ou
abreviar seus sofrimentos, como o doente sofre, pelos seus excessos, enquanto
não Ihes põe termo. A natureza das penas e dos gozos futuros guarda relação com
o grau de evolução do Espírito, e com as ações por ele desenvolvidas. Assim, a
felicidade dos bons Espíritos consiste em: conhecerem todas as coisas; em não
sentirem ódio, nem ciúme, nem inveja, nem ambição, nem qualquer das paixões que
ocasionam a desgraça dos homens. O amor que os une lhes é fonte de suprema
felicidade. Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias
da vida material. São felizes pelo bem que fazem. Contudo, a felicidade dos
Espíritos é proporcional à elevação de cada um. Somente os puros Espíritos
gozam, é exato, da felicidade suprema, mas nem todos os outros são infelizes.
Entre os maus e os perfeitos há uma infinidade de graus em que os gozos são
relativos ao estado moral. Os que já estão bastante adiantados compreendem a
ventura dos que os precederam e aspiram a alcançá-la. Mas, esta aspiração lhes
constitui uma causa de emulação, não de ciúme. Sabem que deles depende o
consegui-la e para a conseguirem trabalham, porém com a calma da consciência tranquila
e ditosos se consideram por não terem que sofrer o que sofrem os maus.
Por outro lado, o sofrimento dos Espíritos inferiores são
[...] tão variados como as causas que os determinam e proporcionados ao grau de
inferioridade, como os gozos o são ao de superioridade. Podem resumir-se assim:
Invejarem o que lhes falta para ser felizes e não obterem; verem a felicidade e
não na poderem alcançar; pesar, ciúme, raiva, desespero, motivados pelo que os
impede de ser ditosos; remorsos, ansiedade moral indefinível. Desejam todos os
gozos e não os podem satisfazer: eis o que os tortura. Das penas e gozos da
alma após a morte forma o homem idéia mais ou menos elevada, conforme o estado
de sua inteligência. Quanto mais ele se desenvolve, tanto mais essa idéia se
apura e se escoima da matéria; compreende as coisas de um ponto de vista mais
racional, deixando de tomar ao pé da letra as imagens de uma linguagem
figurada. Ensinando-nos que a alma é um ser todo espiritual, a razão, mais
esclarecida, nos diz, por isso mesmo, que ela não pode ser atingida pelas
impressões que apenas sobre a matéria atuam. Não se segue, porém, daí que
esteja isenta de sofrimentos, nem que não receba o castigo de suas faltas. As
comunicações espíritas tiveram como resultado mostrar o estado futuro da alma,
não mais em teoria, porém na realidade. Põem-nos diante dos olhos todas as
peripécias da vida de além-túmulo. Ao mesmo tempo, entretanto, no-las mostram
como consequências perfeitamente lógicas da vida terrestre e, embora despojadas
do aparato fantástico que a imaginação dos homens criou, não são menos pessoais
para os que fizeram mau uso de suas faculdades. Infinita é a variedade dessas
consequências. Mas, em tese geral, pode-se dizer: cada um é punido por aquilo
em que pecou. Assim é que uns o são pela visão incessante do mal que fizeram;
outros, pelo pesar, pelo temor, pela vergonha, pela dúvida, pelo insulamento,
pelas trevas, pela separação dos entes que lhes são caros, etc”. -( FEB )-
Agradecemos a todos que tem nos acompanhado; continuamos abertos a críticas e sugestões e também pedimos que orem por nós a fim de que sejamos fiéis ao trabalho a nós designado.
Que a graça e a paz sejam conosco!
Nenhum comentário:
Postar um comentário