"Porque para isto sois chamados; pois também o Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo." -( I Pedro, 2: 21 )-
Amados irmãos, bom dia!
É indispensável que as turmas de bons obreiros se dirijam às zonas de serviço, preparados para os testemunhos dos ensinamentos recebidos. Portanto, como disse o apóstolo Pedro: "sois chamados para isto", indica que devemos como leais discípulos, sofrer pelo bem. Busquemos nos exemplos do nosso Mestre Jesus e na colaboração dos bons Espíritos essa preciosa graça.
“Depois do Calvário,
verificadas as primeiras manifestações de Jesus no cenáculo singelo de
Jerusalém, apossara-se de todos os amigos sinceros do Messias uma saudade
imensa de sua palavra e de seu convívio. A maioria deles se apegava aos
discípulos, como que querendo reter as últimas expressões de sua mensagem
carinhosa e imortal. [...] Foi quando Simão Pedro e alguns outros salientaram a
necessidade do regresso a Cafarnaum, para os labores indispensáveis da vida. Em
breves dias, as velhas redes mergulhavam de novo no Tiberíades, por entre as
cantigas rústicas dos pescadores. [...] Mas, ao pé do monte onde o Cristo se
fizera ouvir algumas vezes, exalçando as belezas do Reino de Deus e da sua
justiça, reuniam-se invariavelmente todos os antigos seguidores mais fiéis, que
se haviam habituado ao doce alimento de sua palavra inesquecível.
[...] Numa tarde de azul
profundo, a reduzida comunidade de amigos do Messias, ao lado da pequena
multidão, reuniu-se em preces, no sítio solitário. João havia comentado as promessas
do Evangelho, enquanto na encosta se amontoava a assembleia dos fiéis
seguidores do Mestre. Viam-se, ali, algumas centenas de rostos embevecidos e
ansiosos. Eram romanos de mistura com judeus desconhecidos, mulheres humildes
conduzindo os filhos pobres e descalços, velhos respeitáveis, cujos cabelos
alvejavam da neve dos repetidos invernos da vida. As tradições cristãs nos
relatam que, naquele dia, Jesus apareceu a aproximadamente quinhentas pessoas —
denominadas, mais tarde, de Os Quinhentos da Galileia —, prestando-lhes os
seguintes esclarecimentos: — Amados [...]
—, eis que retorno a vida em meu Pai para regressar à luz do meu Reino!...
Enviei meus discípulos como ovelhas ao meio de lobos e vos recomendo que lhes
sigais os passos no escabroso caminho. Depois deles, é a vós que confio a
tarefa sublime da redenção pelas verdades do Evangelho. Eles serão os
semeadores, vós sereis o fermento divino. Instituo-vos os primeiros
trabalhadores, os herdeiros iniciais dos bens divinos. Para entrardes na posse do
tesouro celestial, muita vez experimentareis o martírio da cruz e o fel da
ingratidão... Em conflito permanente com o mundo, estareis na Terra, fora de
suas leis implacáveis e egoísticas, até que as bases do meu Reino de concórdia
e justiça se estabeleçam no espírito das criaturas. Negai-vos a vós mesmos,
como neguei a minha própria vontade na execução dos desígnios de Deus, e tomai
a vossa cruz para seguir-me.
Assinalando na mente e no
coração os seus ensinamentos imorredouros, e voltando o olhar para o futuro o
Mestre lhes alerta: Séculos de luta vos
esperam na estrada universal. É preciso imunizar o coração contra todos os
enganos da vida transitória, para a soberana grandeza da vida imortal. Vossas
sendas estarão repletas de fantasmas de aniquilamento e de visões da morte. O
mundo inteiro se levantará contra vós, em obediência espontânea às forças
tenebrosas do mal, que ainda lhes dominam as fronteiras. Sereis escarnecidos e
aparentemente desamparados; a dor vos assolará as esperanças mais caras; andareis
esquecidos na Terra, em supremo abandono do coração. Não participareis do
venenoso banquete das posses materiais, sofrereis a perseguição e o terror,
tereis o coração coberto de cicatrizes e de ultrajes. A chaga é o vosso sinal,
a coroa de espinhos o vosso símbolo, a cruz o recurso ditoso da redenção. Vossa
voz será a do deserto, provocando, muitas vezes, o escárnio e a negação da
parte dos que dominam na carne perecível. Mas, no desenrolar das batalhas
incruentas do coração, quando todos os horizontes estiverem abafados pelas
sombras da crueldade, dar-vos-ei da minha paz, que representa a água viva. Na
existência ou na morte do corpo, estareis unidos ao meu Reino.
Prosseguindo nas suas
orientações, Jesus enfatiza: Amados, eis
que também vos envio como ovelhas aos caminhos obscuros e ásperos. Entretanto,
nada temais! Sede fiéis ao meu coração, como vos sou fiel, e o bom ânimo
representará a vossa estrela! Ide ao mundo, onde teremos que vencer o mal!
Aperfeiçoemos a nossa escola milenária, para que aí seja interpretada e posta
em prática a lei de amor do nosso Pai, em obediência feliz à sua vontade
augusta!
Esclarece-nos o Espírito
Humberto de Campos que, a partir daquela “[...] noite de imperecível
recordação, foi confiado aos quinhentos da Galileia o serviço glorioso da
evangelização das coletividades terrestres, sob a inspiração de Jesus Cristo.”
[...] Mal sabiam eles, na sua mísera condição humana, que a palavra do Mestre
alcançaria os séculos do porvir. E foi assim que, representando o fermento renovador
do mundo, eles reencarnaram em todos os tempos, nos mais diversos climas
religiosos e políticos do planeta, ensinando a Verdade e abrindo novos caminhos
de luz, por meio dos bastidores eternos do Tempo. Foram eles os primeiros a
transmitir a sagrada vibração de coragem e confiança aos que tombaram nos
campos do martírio, semeando a fé no coração pervertido das criaturas. Nos
circos da vaidade humana, nas fogueiras e nos suplícios, ensinaram a lição de
Jesus, com resignado heroísmo. Nas Artes e nas Ciências, plantaram concepções
novas de desprendimento do mundo e de belezas do Céu e, no seio das mais
variadas religiões da Terra, continuam revelando o desejo do Cristo, que é de
união e de amor, de fraternidade e concórdia. Na qualidade de discípulos sinceros
e bem-amados, desceram aos abismos mais tenebrosos, redimindo o mal com os seus
sacrifícios purificadores, convertendo, com as luzes do Evangelho, à corrente
da redenção, os Espíritos mais empedernidos. Abandonados e desprotegidos na
Terra, eles passam, edificando no silêncio as magnificências do Reino de Deus,
nos países dos corações e, multiplicando as notas de seu cântico de glória por
entre os que se constituem instrumentos sinceros do bem com Jesus Cristo,
formam a caravana sublime que nunca se dissolverá. Cedo ou tarde a Humanidade
terá que optar por Jesus, mantendo-se fiel ao seu Evangelho. — Na causa de
Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Onde o filho e o pai
que não desejam estabelecer, como ideal de união, a confiança integral e
recíproca? Nós não podemos duvidar da fidelidade do nosso Pai para conosco. Sua
dedicação nos cerca os espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos
e já Ele nos amava. E, acaso, poderemos desdenhar a possibilidade da
retribuição? [...]
A respeito deste assunto,
relata ainda o Espírito Humberto de Campos que, em diálogo com Jesus, Judas
Tadeu inquiriu do Mestre: “De que modo, porém, se há de viver como homem e como
apóstolo do Reino de Deus na face deste mundo?” A resposta de Jesus, luminosa e
firme, como não poderia deixar de ser, foi: — Em verdade [...] ninguém pode
servir, simultaneamente, a dois senhores. Fora absurdo viver ao mesmo tempo
para os prazeres condenáveis da Terra e para as virtudes sublimes do Céu. O
discípulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo à sua obra neste mundo.
Ele sabe que se acha a laborar com muito esforço num grande campo, propriedade
de seu Pai, que o observa com carinho e atenta com amor nos seus trabalhos.
[...] É certo que as forças destruidoras reclamarão a indiferença e a submissão
do filho de Deus; mas o filho de coração fiel a seu Pai se lança ao trabalho
com perseverança e boa vontade. Entrará em luta silenciosa com o meio,
sofrer-lhe-á os tormentos com heroísmo espiritual, por amor do Reino que traz
no coração plantará uma flor na qual haja um espinho; abrirá uma senda, embora
estreita, em que estejam em confusão os parasitos da Terra; cavará
pacientemente, buscando as entranhas do solo, para que surja uma gota de água
onde queime um deserto. Do íntimo desse trabalhador brotará sempre um cântico
de alegria, porque Deus o ama e segue com atenção. Esses edificantes
esclarecimentos nos conduzem a outro diálogo de Jesus com um dos apóstolos, no
caso, com André. Este apóstolo perguntou a Jesus: “Como poderei ser fiel a
Deus, estando enfermo?” Obteve do Senhor a seguinte resposta à sua indagação:
[...] Nos dias de calma, é fácil provar-se fidelidade e confiança. Não se
prova, porém, dedicação, verdadeiramente, senão nas horas tormentosas, em que
tudo parece contrariar e perecer. [...] André, se algum dia teus olhos se
fecharem para a luz da Terra, serve a Deus com a tua palavra e com os teus
ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua, valendo-te das tuas
mãos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mãos e dos pés,
poderias servir a Deus com a paciência e a coragem, porque a virtude é o verbo
dessa fidelidade que nos conduzirá ao amor dos amores!” -( FEB - EADE )-
Estudo do Livro dos Espíritos
170. O que fica sendo o Espírito depois da sua última
encarnação?
“Espírito bem-aventurado; puro Espírito.”
Que a graça e a paz sejam conosco!
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