sexta-feira, 22 de julho de 2016

A última ceia


"Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados." -( Tiago, 5: 9 )-



Amados irmãos, bom dia!
A queixa é um vício imperceptível que distrai pessoas bem intencionadas da execução do dever justo. Quando for agir assim, examine-se a si mesmo e ore pelos que estão com maiores dificuldade que você. Se vês que seu irmão está em situação não edificante, procurai-o e admoestai-o com amor, a fim de que suas palavras sejam doces balsamos a cooperar em sua edificação. Assim age nosso Mestre Jesus e os bons Espíritos.








A última ceia de Jesus com os seus apóstolos representa mais um apelo do Mestre à vivência da lei de amor, segundo os princípios da verdadeira fraternidade que devem reinar na Humanidade. Nessa ceia, o Mestre transmite também orientações finais aos discípulos, anuncia acontecimentos e empenha, mais uma vez, o seu amor e proteção a todos que o aceitarem como orientador maior.

Jesus, ao iniciar a última ceia destaca a sua importância: “E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com Ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós (Lucas, 22:14-20). — Amados — disse Jesus, com emoção — , está muito próximo o nosso último instante de trabalho em conjunto e quero reiterar-vos as minhas recomendações de amor, feitas desde o primeiro dia do apostolado. Este pão significa o do banquete do Evangelho; este vinho é o sinal do espírito renovador dos meus ensinamentos. Constituirão o símbolo de nossa comunhão perene, no sagrado idealismo do amor, com que operaremos no mundo até o último dia. Todos os que partilharem conosco, através do tempo, desse pão eterno e desse vinho sagrado da alma, terão o espírito fecundado pela luz gloriosa do Reino de Deus, que representa o objetivo santo dos nossos destinos.

O simbolismo do pão e do vinho, que seria posteriormente incorporado ao ritual da missa católica, sob o nome de eucaristia, tem significado específico, segundo o Espiritismo. A verdadeira eucaristia evangélica não é a do pão e do vinho materiais, como pretende a igreja de Roma, mas, a identificação legítima e total do discípulo com Jesus, de cujo ensino de amor e sabedoria deve haurir a essência profunda, para iluminação dos seus sentimentos e do seu raciocínio, através de todos os caminhos da vida. A mensagem evangélica demonstra claramente, ainda que sob o véu do símbolo, que Jesus não estava fazendo referência ao pão, alimento material, nem ao vinho, “[...] mas de sua doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de conhecimentos religiosos; para que todos sejam saciados com esse Pão que nos dá um corpo novo, incorruptível, imortal.”

Cairbar Schutel esclarece assim: As duas espécies: pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão ideia da letra e do espírito; assim como a carne e o sangue especificam a mesma ideia: letra e espírito. Queria Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo — que é a sua Doutrina — não pode ser assimilada unicamente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida em espírito e verdade [...]. Os registros existentes no plano espiritual nos fornecem detalhes a respeito dos fatos acontecidos naquele dia inesquecível, de conformidade com as anotações do Espírito Humberto de Campos. Reunidos os discípulos em companhia de Jesus, no primeiro dia das festas da Páscoa, como de outras vezes, o Mestre partiu o pão com a costumeira ternura. Seu olhar, contudo, embora sem trair a serenidade de todos os momentos, apresentava misterioso fulgor, como se sua alma, naquela instante, vibrasse ainda mais com os altos planos do Invisível. [...] Em dado instante, tendo-se feito longa pausa entre os amigos palradores, o Messias acentuou com firmeza impressionante: — Amados, é chegada a hora em que se cumprirá a profecia da Escritura. Humilhado e ferido, terei de ensinar em Jerusalém a necessidade do sacrifício próprio, para que não triunfe apenas uma espécie de vitória, tão passageira quanto as edificações do egoísmo ou do orgulho humanos. Os homens têm aplaudido, em todos os tempos, as tribunas douradas, as marchas retumbantes dos exércitos que se glorificaram com despojos sangrentos, os grandes ambiciosos que dominaram à força o espírito inquieto das multidões; entretanto, eu vim de meu Pai para ensinar como triunfam os que tombam no mundo, cumprindo um sagrado dever de amor, como mensageiros de um mundo melhor, onde reinam o bem e a verdade. Minha vitória é a dos que sabem ser derrotados entre os homens, para triunfarem com Deus, na divina construção de suas obras, imolando-se, com alegria, para a glória de uma vida maior.

Lucas afirma que, em seguida, Jesus anuncia a traição que lhe aconteceria: “Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho do Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isso” (Lucas, 22:21-23). O impacto de tais palavras provocou angústias e ansiedades nos apóstolos. O Mestre, porém, lhes tranquiliza, dizendo: — Não vos perturbeis com as minhas afirmativas, porque, em verdade, um de vós outros me há de trair!... As mãos, que eu acariciei, voltam-se agora contra mim. Todavia, minha alma está pronta para execução dos desígnios de meu Pai. A pequena assembleia fez-se lívida. Com exceção de Judas, que entabulara negociações particulares com os doutores do Templo, faltando apenas o ato do beijo, a fim de consumar-se a sua defec- ção, ninguém poderia contar com as palavras amargas do Messias. Penosa sensação de mal-estar se estabelecera entre todos. O filho de Iscariotes fazia o possível por dissimular as suas dolorosas impressões, quando os companheiros se dirigiam ao Cristo com perguntas angustiadas: — Quem será o traidor? — disse Filipe, com estranho brilho nos olhos. — Serei eu? — indagou André ingenuamente. — Mas, afinal — objetou Tiago, filho de Alfeu, em voz alta —, onde está Deus que não conjura semelhante perigo? Jesus, que se mantivera em silêncio ante as primeiras interrogações, ergueu o olhar para o filho de Cleofas e advertiu: Tiago, faze calar a voz de tua pouca confiança na sabedoria que nos rege os destinos. Uma das maiores virtudes do discípulo do Evangelho é a de estar sempre pronto ao chamado da Providência divina. Não importa onde e como seja o testemunho de nossa fé. O essencial é revelarmos a nossa união com Deus, em todas as circunstâncias. É indispensável não esquecer a nossa condição de servos de Deus, para bem lhe atendermos ao chamado, nas horas de tranquilidade ou de sofrimento. A esse tempo, havendo-se calado novamente o Messias, João interveio, perguntando: — Senhor, compreendo a vossa exortação e rogo ao Pai a necessária fortaleza de ânimo; mas, por que motivo será justamente um dos vossos discípulos o traidor de vossa causa? Já nos ensinastes que, para se eliminarem do mundo os escândalos, outros escândalos se tornam necessários; contudo, ainda não pude atinar com a razão de um possível traidor em nosso próprio colégio de edificação e de amizade. Judas Iscariotes passou para História como o traidor do Cristo. (João, 13:21-30). Entretanto, o apóstolo amava profundamente Jesus, jamais imaginando que o Mestre seria aprisionado, condenado e crucificado. Isso não lhe passara pela cabeça. Foi um discípulo que se deixou levar pelas ilusões do mundo. Não conseguiu compreender a profundidade da mensagem cristã. Entendia que o Evangelho somente poderia “[...] vencer com o amparo dos prepostos de César ou das autoridades administrativas de Jerusalém”. Na sua concepção o Messias deveria deter em suas mãos todos os poderes, não compreendendo que: “As ideias do Mestre são do Céu e seria sacrilégio misturarmos a sua pureza com as organizações viciadas do mundo!...”.

O Espírito Irmão X também explica: Não obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões surpreendia em choque contra Ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado apego a Jesus, quase sempre lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes. Entretanto, conhecendo-lhe as fraquezas, Jesus sempre permaneceu “em missão de auxílio a Judas.” -( FEB - EADE )-




Estudo do Livro dos Espíritos






JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO 

171. Em que se funda o dogma da reencarnação? 

“Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu o melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem remissão.” 

Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova. Não obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio onde foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento. Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma única a balança em que Deus pesa as ações de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa. A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam. O homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora esperança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que ele. Sustém-no, porém, e lhe reanima a coragem a idéia de que aquela inferioridade não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em nova existência.




Que a graça e a paz sejam conosco!

Nenhum comentário:

Postar um comentário