"E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de cada um não consiste na abundância das coisas que possui." -( Lucas, 12: 15 )-
Amados irmãos, bom dia!
Ainda não aprendemos o real significado dessas palavras. O apego às coisas materiais tem mantido a raça humana distante do caminho da fraternidade. Busquemos em nosso Mestre Jesus a libertação e um coração fraterno para vivermos como irmãos que somos.
O pensamento de Kardec
“A importância do Centro
Espírita é tal que o próprio Kardec houve por bem dar instruções precisas a
respeito do seu funcionamento, como se lê no capítulo XXIX de O livro dos
médiuns, intitulado Das sociedades espíritas. Extrairemos dessas instruções
alguns pontos que se afiguram básicos ao norteamento do nosso estudo.
Assinala o Codificador, logo
no início do referido capítulo, que [...] as reuniões espíritas oferecem
grandíssimas vantagens, por permitirem que os que nelas tomam parte se
esclareçam, mediante a permuta das idéias, pelas questões e observações que se
façam, das quais todos aproveitam. Mas, para que produzam todos os frutos
desejáveis, requerem condições especiais, que vamos examinar, porquanto erraria
quem as comparasse às reuniões ordinárias. Mais adiante, prossegue: O objetivo
de uma reunião séria deve consistir em afastar os Espíritos mentirosos.
Incorreria em erro, se se supusesse ao abrigo deles, pelos seus fins e pela
qualidade de seus médiuns. Não o estará, enquanto não se achar em condições
favoráveis.[...] Imagine-se que cada indivíduo está cercado de certo número de
acólitos invisíveis, que se lhe identificam com o caráter, com os gostos e com
os pendores. Assim sendo, todo aquele que entra numa reunião traz consigo
Espíritos que lhe são simpáticos. Conforme o número e a natureza deles, podem
esses acólitos exercer sobre a assembléia e sobre as comunicações influência
boa ou má. Perfeita seria a reunião em que todos os assistentes, possuídos de
igual amor ao bem, consigo só trouxessem bons Espíritos. Em falta da perfeição,
a melhor será aquela em que o bem suplante o mal. [...]
Uma reunião é um ser coletivo,
cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam
como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo
for. E arremata: Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior
homogeneidade possível.
A seguir, aborda a questão da
regularidade das reuniões, esclarecendo ser este um ponto não menos importante.
Diz o Codificador: Em todas [reuniões], sempre estão presentes Espíritos a que
poderíamos chamar frequentadores habituais, sem que com isso pretendamos
referir-nos aos que se encontram em toda parte e em tudo se metem. Aqueles são
os Espíritos protetores [...]. Ninguém suponha que esses Espíritos nada mais
tenham que fazer, senão ouvir o que lhes queiramos dizer, ou perguntar. Eles
têm suas ocupações e, além disso, podem achar-se em condições desfavoráveis
para serem evocados. Quando as reuniões se efetuam em dias e horas certos, eles
se preparam antecipadamente para comparecer [...]. Entrando no assunto das
Sociedades Espíritas propriamente ditas, diz Kardec: Tudo o que dissemos das
reuniões em geral se aplica naturalmente às Sociedades regularmente
constituídas, as quais, entretanto, têm que lutar com algumas dificuldades
especiais, oriundas dos próprios laços existentes entre os seus membros.[...].
O Espiritismo, que apenas acaba de nascer, ainda é diversamente apreciado e
muito pouco compreendido em sua essência, por grande número de adeptos, de modo
a oferecer um laço forte que prenda entre si os membros do que se possa chamar
uma Associação, ou Sociedade. Impossível é que semelhante laço exista, a não
ser entre os que lhe percebem o objetivo moral, o compreendem e o aplicam a si
mesmos. Entre os que nele veem fatos mais ou menos curiosos, nenhum laço sério
pode existir. Colocando os fatos acima dos princípios, uma simples divergência,
quanto à maneira de os considerar, basta para dividi-los. O mesmo já não se dá
com os primeiros, porquanto, acerca da questão moral, não pode haver duas
maneiras de encará-la. Tanto assim que, onde quer que eles se encontrem,
confiança mútua os atrai uns para os outros e a recíproca benevolência, que
entre todos reina, exclui o constrangimento e o vexame que nascem da
suscetibilidade, do orgulho que se irrita à menor contradição, do egoísmo que
tudo reclama para a pessoa em quem domina. Uma Sociedade, onde aqueles
sentimentos se achassem partilhados por todos, onde os seus componentes se
reunissem com o propósito de se instruírem pelos ensinos dos Espíritos e não na
expectativa de presenciarem coisas mais ou menos interessantes, ou para fazer cada
um que a sua opinião prevaleça, seria não só viável, mas também indissolúvel.
Continua o Codificador: Já
vimos de quanta importância é a uniformidade de sentimentos, para a obtenção de
bons resultados. Necessariamente, tanto mais difícil é obter-se essa
uniformidade, quanto maior for o número [de participantes]. Nos agregados pouco
numerosos, todos se conhecem melhor e há mais segurança quanto à eficácia dos
elementos que para eles entram. O silêncio e o recolhimento são mais fáceis e
tudo se passa como em família. As grandes assembléias excluem a intimidade,
pela variedade dos elementos de que se compõem; exigem sedes especiais,
recursos pecuniários e um aparelho administrativo desnecessários nos pequenos
grupos. A divergência dos caracteres, das idéias, das opiniões, aí se desenha
melhor e oferece aos Espíritos perturbadores mais facilidade para semearem a
discórdia. Quanto mais numerosa é a reunião, tanto mais difícil é conterem-se
todos os presentes.
Orienta ainda Kardec: Visto
ser necessário evitar toda causa de perturbação e de distração, uma Sociedade
espírita deve, ao organizar-se, dar toda a atenção às medidas apropriadas a
tirar aos promotores de desordem os meios de se tornarem prejudiciais e a lhes
facilitar por todos os modos o afastamento. As pequenas reuniões apenas
precisam de um regulamento disciplinar, muito simples, para a boa ordem das
sessões. As Sociedades regularmente constituídas exigem organização mais
completa. A melhor será a que tenha menos complicada a entrosagem. Umas e
outras poderão haurir o que lhes for aplicável, ou o que julgarem útil, no regulamento
da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas [...] [primeira Sociedade
Espírita, fundada].
Finalmente, é importante
destacar as condições que, segundo o Codificador, seriam mais favoráveis para
um Centro Espírita atrair a simpatia dos bons Espíritos. Essas condições, que
se relacionam com as disposições morais dos seus integrantes, são as seguintes:
[...] Perfeita comunhão de vistas e de sentimentos; Cordialidade recíproca
entre todos os membros; Ausência de todo sentimento contrário à verdadeira caridade
cristã; Um único desejo: o de se instruírem e melhorarem, por meio dos ensinos
dos Espíritos e do aproveitamento dos seus conselhos. [...] Exclusão de tudo o
que, nas comunicações pedidas aos Espíritos, apenas exprima o desejo de
satisfação da curiosidade; Recolhimento e silêncio respeitoso, durante as
confabulações com os Espíritos; União de todos os assistentes, pelo pensamento,
ao apelo feito aos Espíritos [...]; Concurso dos médiuns da assembléia, com
isenção de todo sentimento de orgulho, de amor próprio e de supremacia e com o
só desejo de serem úteis. Assim, Kardec aponta, como condição básica para o
funcionamento adequado de um Centro Espírita, a conduta moral dos seus
participantes. Defluem dessas considerações do Codificador preciosos ensinamentos,
que, como se verá a seguir, permeiam a moderna concepção de Centro Espírita.”
-( FEB - ESDE - Tomo único )-
Estudo do Livro dos Espíritos
92. Têm os Espíritos o dom da ubiquidade? Por outras palavras:
um Espírito pode dividir-se, ou existir em muitos
pontos ao mesmo tempo?
“Não pode haver divisão de um mesmo Espírito; mas,
cada um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é
que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao
mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia
em todos os sentidos e leva muito longe os seus raios.
Contudo, não se divide.”
a) — Todos os Espíritos irradiam com igual força?
“Longe disso. Essa força depende do grau de pureza de
cada um.”
Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um pode
lançar seus pensamentos para diversos lados, sem que se fracione
para tal efeito. Nesse sentido unicamente é que se deve entender o dom da ubiquidade atribuído aos Espíritos. Dá-se com eles o que
se dá com uma centelha, que projeta longe a sua claridade e pode
ser percebida de todos os pontos do horizonte; ou, ainda, o que se
dá com um homem que, sem mudar de lugar e sem se fracionar,
transmite ordens, sinais e movimento a diferentes pontos.
Que a graça e a paz sejam conosco!
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